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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

MAIS UMA VEZ A SOBERANIA DA VENEZUELA É AFRONTADA


Por: Odilon de Mattos Filho

Segundo ensinamentos do professor Carlos Alberto Husek, “o princípio da autodeterminação dos povos deve ser analisado em conjunto com os princípios da soberania e da independência nacional”. Este princípio está estabelecido na Carta das Nações Unidas e é fundamental para garantir que as nações possam decidir seu próprio destino sem interferência externa. No entanto, sua aplicação prática é frequentemente desafiada por interesses políticos e econômicos de potências globais.

Desde o fim da Guerra Fria, os EUA têm assumido um papel de liderança global, muitas vezes adotando uma postura intervencionista que tem sido criticada como imperialista. O seu envolvimento em conflitos, mudanças de regime e sanções contra países como a Venezuela são frequentemente vistos como ações motivadas por interesses econômicos, especialmente em relação aos recursos naturais, como o petróleo.

A alegação de fraude nas eleições venezuelanas e a subsequente declaração de um "presidente eleito" pelos EUA são apresentadas como exemplos de intervenção externa que não respeita a autodeterminação.

Aliás, nesse sentido Júlio Turra, com muita propriedade manifestou: “...Não foi necessário esperar nem uma semana, mas apenas quatro dias, para que o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, “resolvesse” a controvérsia sobre os resultados das eleições presidenciais...Em 1º de agosto, de seu gabinete em Washington, Blinken declarou Edmundo Gonzáles, marionete da ultradireitista Maria Corina Machado, como presidente eleito da Venezuela, com base em pesquisas, projeções e dados divulgados pela oposição numa página na internet1”.

Evidente que o interesse dos EUA na Venezuela não é a de proteger o povo ou a democracia daquele país, isso não passa de cortina de fumaça para encobrir os reais interesses dos imperialistas do norte, que é apropriar, novamente, das riquezas naturais daquele país, em especial o petróleo, afinal, a Venezuela tem as maiores reservas provadas de petróleo do mundo, com mais 303 bilhões de barris, estando à frente da Arábia Saudita. 

A propósito, corroborando essa afirmativa sobre os reais motivos das intervenções dos EUA em países com riquezas naturais, vale lembrar o golpe patrocinado pelos imperialistas na Bolívia de Evo Morales e Álvaro Linera, o motivo é o mesmo: a Bolíva possui a maior reserva de lítio do mundo, são aproximadamente 23 milhões de toneladas, concentradas na região de Uyuni. Trata-se de um mineral fundamental nesta etapa do capitalismo, pois serve para a fabricação de baterias de diversos eletrônicos como celular, computador e, inclusive, carros elétricos. 

Não temos dúvidas de que essa questão dos resultados das eleições na Venezuela suscita calorosos debates no sentido de uma maior transparência. Aliás, a posição do governo brasileiro, a despeito das declarações de Maduro sobre as urnas eletrônicas do Brasil, nos afigura responsável e diplomaticamente acertada ao reconhcer a vontade popular dos venezuelanos e não se alinhar com a posição intervencionista dos EUA e da extrema-direita que sabidamente, municia e incita as manifestações para desestabilizar o governo e questionar os resultados das urnas. 

Há que se esclarecer, também, que não são apenas manifestações que estão ocorrendo na Venezuela, o país está sofrendo ataques cibernéticos, são mais de 30 mil ataques por minuto e certamente essa ofensiva no sistema de informação da Venezuela tem o dedo do governo dos EUA, inclusive, do ultra-direita, Elon Musk.

Neste contexto, há que se reconhecer também, o papel da imprensa burguesa como caixa de ressonância das narrativas dos imperialistas e da extrema-direita latino-americana contrários aos governos venezuelano desde Hugo Chavez. E esse conluio não se restringe apenas às eleições venezuelana, a imprensa vocifera também, os falsos discursos sobre as causas da crise econômica que a Venezuela atravessa, manipulando e ocultando informações dos reais motivos dessa crise, como, por exemplo, o criminoso bloqueio econômico patrocinado pelos EUA para tentar interferir no regime político da Venezuela, inclusive, participando direta ou indiretamente em mais de 11 tentativas de golpes planejadas entre a direita venezuelana e aliados regionais.

A propósito, a história do bloqueio econômico começa em dezembro de 2014, quando o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Defesa dos Direitos Humanos na Venezuela, que prevê a aplicação de sanções contra os venezuelanos. Em março de 2015, Barack Obama assinou a Ordem Executiva n. 13692, declarando o país sul-americano como uma "ameaça inusual para a segurança interna do Estados Unidos". Mas a verdade dos fatos é que este bloqueio econômico dos EUA foi em virtude da vitória do saudoso ex-presidente Hugo Chávez que, soberanamente, estatizou 60 empresas que prestavam serviços à indústria petroleira, e expropriou 300 embarcações e 39 terminais utilizados na produção petrolífera, todas estavam nas mãos da iniciativa privada e muitas comandadas por empresários estadunidenses.

Com este criminoso bloqueio, a Venezuela registrou uma redução de 99% nos seus ingressos em moedas estrangeiras nos últimos anos. Saindo de US$ 56 bilhões para US$ 400 milhões, perdendo o seu poder de compra.

“Em um país onde cerca de 80% do consumo interno é suprido com produtos importados, perder poder de compra tornou-se automaticamente um problema no abastecimento nacional. Somente da Europa, as importações caíram 65% de 2015 para 20192”.

Por conta da dificuldade de compra de peças para a manutenção da infraestrutura e de químicos usados no refino do petróleo, a indústria petrolífera, carro-chefe do país, diminuiu sua produção em aproximadamente 60%. Os rendimentos do setor caíram de US$ 16,16 bilhões, em 2015, para US$ 8,7 bilhões, em 2018.

A estimativa é que o prejuízo anual do bloqueio seja de US$ 30 bilhões e como consequência, o PIB venezuelano caiu 60%.

Outro fato gravíssimo e que ilustra a extensão da intervenção externa foi a questão do bloqueio de 40 toneladas de ouro que equivalem a mais de US$ 1 bilhão e que estavam depositados no Banco Central da Inglaterra. Segundo matéria da BBC “a Venezuela, queria vender parte desse ouro para usar no combate a pandemia do coronavírus. No entanto, o Banco da Inglaterra negou o pedido venezuelano. O motivo? A atual diretoria do BCV responde ao governo de Maduro, e a instituição britânica expressa dúvidas sobre a autoridade desta diretoria, afirmando que: não, nosso governo (Reino Unido) reconhece Joan Guaidó e por isso não vamos lhes dar o ouro…3". Esse caso configura mais uma forma de violação da soberania venezuelana e demonstra a influência das potências ocidentais sobre recursos críticos.

A propósito, como bem afirma o Analista Geopolítico, Pepe Escobar, essa tentativa de intervenção dos imperialistas do norte na Venezuela é parte de movimentos geopolíticos globais, que inclui, por, exemplo, o golpe em Bangladesh que nada mais é do que um ataque contra dois membros dos BRICS, Índia e China na tentativa de desestabilização das suas relações bilaterais. 

Por fim, entendemos que esses pontos sublinham bem uma perspectiva crítica sobre a dinâmica de poder global e as suas consequências para a soberania e o desenvolvimento das nações, confrontando também, a verdade factual da Política da Venezuela com a velha e criminosa narrativa dos imperialistas e o modus operandi do nefasto sistema capitalista, o que nos leva a deduzir que é imperioso a criação de uma nova governança mundial com instituições multilaterais que respeitem a autodeterminação dos povos, os direitos humanos, a soberania das Nações e que tenha como objetivo a luta pela equidade na distribuição das riquezas entre os povos deste Planeta. 





1Fonte: Jornal “O Trabalho” - 05/08/2024
2Fonte:https://www.brasildefato.com.br/2020/10/08/em-seis-anos-de-bloqueio-venezuela-foi-alvo-de-150-sancoes-e-11-tentativas-de-golpe
3Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-53113655