quarta-feira, 18 de agosto de 2021

AFEGANISTÃO: DE VOLTA A UM TRISTE PASSADO

Por: Odilon de Mattos Filho

Até o mundo mineral, como diria Mino Carta sabe que os EUA se alto intitulam tutores do mundo, porém, só agem dessa forma quando há algum interesse econômico e/ou geopolítico, mas, sempre com o falso pretexto de defesa da democracia.

Os exemplos dessa sanha dos imperialistas são inúmeras ao longo dos tempos, foi assim em Cuba, Vietnam, El Salvador, Nicarágua, Haiti, Líbano, Iraque, Afeganistão e tantas outras Nações que sofreram intervenções militares, atentados, golpes de Estado e destruição de suas  soberanias. Aliás, a organização WikiLeaks revelou ao mundo os crimes de espionagem, pressões políticas e/ou diplomáticas, más prática governamentais, abuso de poder e crimes de guerra cometidos, ao longo dos tempos, pelos imperialistas do norte, especialmente, contra o Iraque e o Afeganistão.

Sabemos que os EUA obtiveram muitos êxitos em suas empreitadas, mas, foram, também, muitas derrotas, as empreitadas, o grande e duradouro fracasso fica por conta de Cuba, mas emblemática mesmo, foram às derrotas para o Vietnã, Iraque e Afeganistão. Porém, com exceção do Vietnã, os povos do Iraque e Afeganistão sofrem com os rastros de destruição econômica, política e social deixado pelas guerras patrocinadas pelos EUA.

É sabido que a invasão do Afeganistão pelos EUA e por forças da OTAN em 2001 foi uma resposta aos ataques do “11 de Setembro”. Com a invasão do Afeganistão os EUA e aliados conseguiram tirar do Poder o Talibã, desmantelaram a AI-Qaeda e assassinaram o seu grande líder, Bin Laden numa operação denominada “Liberdade Permanente”, mas que apesar do nome, matou quase trezentos mil cidadãos de 2001 a 2021 e custou mais de US$ 200 bilhões aos cofres estadunidenses,  segundo a Agência Associated Press. A propósito, vale  ser lembrado - e isso é fato e não conjectura - que na Certidão de Nascimento do Talibã está escrito, Pai: Estados Unidos da América e isso, por mais que tetem esconder, a história registra.

Após a guerra e a ocupação dos EUA e das forças da OTAN, foi constituído um novo governo apoiado pelo ocidente, em especial, pelos EUA que se comprometeram a construir uma democracia ocidental no país e ajudá-los na sua reconstrução, no entanto, sabe-se que foram aplicados, apenas, US$ 40 bilhões em ajuda humanitária e para o desenvolvimento do país, o que, convenhamos, é uma bagatela perto dos US$ 200 bilhões gastos com a guerra que se quer, conseguiu derrotar ou isolar o Talibã, ao contrário, esse grupo foi, gradativamente, ganhando força financeira e política no país. Aliás, vale registrar, também, que durante esses vinte anos de ocupação dos EUA no Afeganistão, malgrado a propaganda enganosa e endossada pela mídia de ajuda humanitária ao povo afegão, a verdade é que a situação econômica naquele país elevou de forma gritante os níveis de extrema pobreza, miséria e abandono, e as barbáries como estupros, violências domésticas, espancamentos públicos e outras perversidades não cessaram durante a ocupação.     

Com relação ao poderio financeiro do Tlibã, a revista Forbes noticiou que esse Grupo é a quinta, entre as dez organizações consideradas terroristas mais rica do mundo, com um faturamento de US$ 400 milhões. Seus negócios, segundo noticiado, são oriundos do tráfico de drogas, da extorsão e cobrança de impostos de plantadores de papoula e de doações de fundos de caridade de países do Golfo.

Depois de duas décadas os EUA em julho deste ano retiraram o restante de suas tropas do Afeganistão e essa retirada  foi fruto de um acordo celebrado entre o Talibã e os presidentes Obama e depois pelo Trump. Neste acordo o Talibã se comprometeu que a Al-Qaeda ou qualquer outro grupo extremista não irá operar em áreas controladas pelo Talibã. Mas, não demorou muito, aliás, pouco mais de trinta dias do início da retirada dos soldados estadunidenses e o grupo fundamentalista derrotou o Exército Afegão e retornou ao Poder no país.

Segundo analistas, a vitória do Talibã  tem algumas razões básicas: o serviço de inteligência dos EUA falharam, os EUA não apoiaram o Exército Afegão e saíram muito rápido e desastrosamente do país e, por último, os imperialistas  subestimaram o poder financeiro e estratégico do Talibã. Aliás, o próprio Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reconheceu que “...os EUA investiram bilhões de dólares , durante quatro gestões de presidentes dos EUA nas forças do governo Afegão, dando-lhes vantagens sobre o Talibã, mas, ainda assim, não conseguiram impedir o avanço do grupo e tudo aconteceu mais rapidamente do que prevíamos1

Diante de toda essa barbárie, é de fácil constatação que o Afeganistão volta a situação de vinte anos atrás e o que sobra dessa abjeta e inútil guerra patrocinada pelos EUA é a miséria, a destruição do povo Afegão e o medo, a despeito das promessas do Talibã, de se impor, novamente no país, a secular Sharia (conjunto de leis do Islamismo baseada no Alcorão) e um governo Teocrático semelhante ao de tempos pretéritos no qual se via gravíssimas violações aos direitos humanos, especialmente, contra mulheres e minorias afegãs. 

Pelo lado dos EUA as imagens que correram o mundo com os afegãos se digladiando nas pistas do aeroporto de Kabul para fugir do país, mostra a derrota dos imperialistas e do próprio do presidente Joe Biden.  Por outro lado, se teve vencedores no meio desse caos, foram dois: o ex-presidente Ashraf Ghani que roubou US$ 170 milhões e fugiu do país e o segundo "vitorioso" foi um dos braços fortes do capitalismo selvagem que são as indústrias armamentistas estadunidenses, que não passam de uma fiel, covarde e implacável máquina de matar a serviço dos EUA e de outros impérios.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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