Por: Odilon de Mattos Filho:O
Brasil vive hoje uma de suas maiores crises econômica, política, institucional
e social de todos os tempos.
No
campo econômico o Brasil atingiu a taxa recorde de 15% de desempregados e mais
de 45% dos trabalhadores estão na informalidade. Soma-se a isso uma economia
totalmente estagnada e em frangalhos. Na área política temos um governo
incompetente, irresponsável e genocida e um congresso sem qualquer reação
frente às desgraças do país. Já no campo institucional o que observamos é o
total descrédito das carcomidas instituições: Judiciário, Legislativo e
Executivo e por fim a crise social com o aumento da pobreza, o sucateamento dos
serviços públicos, a carestia dos alimentos, desemprego em alta, falta de
habitação e saneamento básico, etc. Este é o triste e atual retrato do Brasil!
Diante
de todos estes problemas somados aos constantes ataques aos direitos e
conquistas da classe trabalhadora e mais à Pandemia que mata milhares de
pessoas todos os dias por total incompetência e inépcia de um governante
déspota, negacionista e genocida o país já apresenta todas as condições objetivas para uma
convulsão social que pode está mais perto do que imaginamos.
Mas,
o que mais chama atenção sobre a grave situação do país é que toda essa crise foi
criada pelo próprio governo, ou melhor, pelo presidente Bolsonaro e aqui entra a
grande dúvida: tudo isso está acontecendo por mera irresponsabilidade e
incompetência do presidente e de seu governo que estão a serviço do capital
especulativo ou Bolsonaro, com segundas intenções e maquiavelicamente, está
instigando as massas a se rebelarem?
No
nosso modesto entendimento são as duas hipóteses. Não há menor duvida de que este
governo serve ao capital especulativo e aos imperialistas do norte e segundo, a
incompetência e irresponsabilidade saltam aos olhos, só não enxerga os 30% dos
bovinos de plantão. Já a segunda hipótese, nos afigura, também, muito plausível.
Apesar
dos inúmeros senões, é fato que o tiranete Bolsonaro foi eleito pelo voto
direto do povo brasileiro, assim como Hitler e outros déspotas mundo afora foram
também eleitos pelos seus povos e todos eles têm algo em comum: a vocação para
serem ditadores e o sonho de implantar em seus países uma ditadura para chamar
de sua!
Segundo
alguns estudiosos do comportamento humano uma das características do ditador é
a sua obsessão pela hierarquia, ou melhor, de estar no topo dessa hierarquia
para mandar e nunca ser mandado. Geralmente não gostam de debates, são duros
com aqueles que os criticam, como por exemplo, com a imprensa, mas, por outro
lado financiam tudo que seja propaganda do seu regime, o apoio de Bolsonaro à
TV Record, BAND, SBT e outras emissoras e o financiamento, sabe-se com que
recursos, do chamado gabinete do ódio criado pelo Clã Bolsonaro para atacar os
seus opositores por meio das redes sociais ou para os agrados ao governo é um
exemplo dessa afirmativa. Outra característica de um ditador é que ele se juga
sempre perfeito, não assume os seus erros e sempre se coloca como vítima diante
de uma situação grave, além de várias outras características.
O
dito presidente Bolsonaro encarna perfeitamente essa figura, aliás, justiça
seja feita, ele nunca negou a sua predileção pela ditadura, pela tortura e pelo
conservadorismo político, social e religioso, não à toa, é um negacionista
convicto, preconceituoso, fundamentalista e atrelado ao conceito patriarcal.
Mas,
se Bolsonaro é um ditador, diria os bolsomínios, por que então não deu um golpe
de estado e implantou o regime de exceção no Brasil? A resposta é fácil:
Bolsonaro é ardiloso, maquiavélico, sabe onde pisa e conhece o tempo político.
Ele está se organizando e preparando o terreno e a sua retaguarda para dá o
bote no momento certo e está trazendo com ele boa parte das Forças Armadas, pois,
engana-se quem pensa que os militares da ativa e de pijama não estão dispostos
a entrar nessa aventura, ao contrário, estão sedentos, pois, não querem perder as
benesses deste governo e vai defendê-lo custe o que custar.
Porém,
Bolsonaro e sua tropa precisam de um bom álibi para dá o golpe de estado e realizar
o seu projeto pessoal, e talvez, como afirmamos acima, essas dantescas atitudes
que beiram a loucura, na verdade, não passam de uma estratégia de instigar as
massas a se rebelarem, com isso, cria-se as condições para que ele e o seu
bando deem o golpe de estado com velha narrativa de que a baderna tomou conta
do país, a família e a religião estão sendo destruídas, a sombra do comunismo está
rondando o país novamente, etc., etc. e etc.
No
entanto, o seu maquiavélico plano pode ser um tiro no pé e aqui é que entra os
Partidos de oposição, as centrais sindicais e os movimentos populares. Essas
forças progressistas têm que se antecipar, aliás, isso é para ontem, e chamar
as massas para as ruas e se houver possiblidades políticas, comandá-las para impedir
o golpe, colocar um fim nesse governo e apresentar uma profunda pauta de
reinvindicações que vá ao encontro da classe trabalhadora e de toda sociedade
brasileira. Não dá para apenas esperar e espiar tem que agir e como diz o
ditado iorubá mencionado pelo grande Poeta Emicida em seu documentário AmarELO,
“Exu matou o
pássaro ontem, com uma pedra que atirou somente hoje”. Toda atenção é pouca para o ano de 2021!