Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

terça-feira, 26 de março de 2019

IMPEACHMENT OU PARLAMENTARISMO?


Por: Odilon de Mattos Filho:
Desde que foi deflagrada a operação Lava-jato o país vive uma das maiores crises institucionais de sua história. Quando muitos acreditavam que essa crise fosse arrefecida após as eleições o que ocorreu, foi extamente o contrário, as instituições se rebaixaram e hoje os Poderes da República encontram-se apequenados, desacreditados e totalmente carcomidos.

O presidente Bolsonaro eleito garças a várias mentiras e fake news espalhadas nas redes sociais e reverberadas pela mídia comercial, parece que não saiu da campanha eleitoral até hoje, continua procurando comunistas atrás dos armários. Bolsonaro brinca de ser presidente e o resultado é um governo sem comando, perdido com seus embustes, desencontros e em franca decadência, fatos que, certamente, levará o presidente a um melancólico fim e conduzirá o país a um caos sem precedentes na história. 

É sabido que o presidente, ciente de suas dificuldades de se comunicar, é avesso a discursos e entrevistas coletivas, quando consegue falar alguma coisa em público de imediato já se sabe a repercussão negativa na sociedade, no próprio governo e especialmente junto aos colegas de farda que, nitidamente, já não escondem o constrangimento pelo total despreparo intelectual, moral e ético do seu comandante-em-chefe. Que diga o vice-presidente Hamilton Mourão!

Aliás, esse despreparo já era conhecido desde que Bolsonaro foi parlamentar, no entanto, as elites conservadoras do país, o capital financeiro nacional e internacional, estavam se lixando com esse despreparo, pois, viram nesse arremedo de presidente a solução para a continuidade e o aprofundamento das reformas de interesse das classes dominantes. E realmente eles acertaram na eleição, pois, Bolsonaro conseguiu vencê-la, mas, como presidente, a história é outra, pois, até o momento pouca coisa foi feita para tamanho investimento do capital nacional e internacional.

A grande esperança do capital financeiro, por exemplo, é a Reforma da Previdência, aliás, este é o setor que poderá ser o maior beneficiário deste governo, porém, mesmo com todo apoio da grande imprensa pela Reforma da Previdência, parece que a coisa está degringolando e fugindo ao controle do governo e é aí que está o detonador dessa bomba chamada de novo golpe.

A propósito, e só a título de informação, malgrado as críticas ao governo Bolsonaro, a grande imprensa trabalha firme a favor da aprovação da Reforma da Previdência. A Rede Globo é um exemplo dessa determinação e isso é fácil explicar, os barões da Globo são sócios do grupo Mapfrer, a maior empresa de previdência privada do Brasil.

Mas, afora essa questão das dificuldades para se aprovar a Reforma da Previdência, outras presepadas e desarranjos que correm paralelas são elementos que alimentam, também, essa bomba do golpe e os exemplos são fartos: a começar pelos filhinhos do presidente, "Huguinho, Zezinho e Luisinho", ou os Pitbull  01, 02 e 03, passando pelos escândalos do laranjal da família Bolsonaro, a CPI da Lava Togas, que poderá ser substituída pelo impeachment do ministro Gilmar Mendes, a crise do presidente da Câmara com o presidente Bolsonaro, a guerra entre ministros e os segundos escalões dos ministérios, a falta de coordenação junto à base aliada no congresso, o passa cara que o super ministro da justiça, Sérgio Moro tomou do presidente da república, as rusgas entre Moro e o presidente da Câmara e tudo isso se somada com às bizarras, vergonhosas e grosseiras manifestações de ministros e do próprio presidente da república são componentes que podem servir para detonar mais um golpe que pode, simplesmente, apear o presidente da república, por meio de um impeachment e selar um golpe militar, ou ressuscitar o parlamentarismo já rejeitado e enterrado pela sociedade no plebiscito de 1993.

E realmente há fortes movimentos nestes dois sentidos, afinal, o Brasil está a deriva e a degradação do tecido social somada a inércia do governo que cada dia perde apoio popular e parlamentar e as grandes manifestações que, certamente, vão surgir a partir da classe trabalhadora são fatos que somados às crises acima citadas tornam-se um caldo efervescente de difícil controle que pode culminar, sim, no impeachment do presidente e na instalação de uma ditadura militar. 

Outro movimento ou golpe que pode ocorrer é a implantação do parlamentarismo e aqui a CPI da Lava Toga pode ser um instrumento de barganaha com o SFT, que poderá chancelar a possiblidade deste novo sistema que viria por meio de uma Emenda Constitucional, mesmo tendo o povo rejeitado com o plebiscito de 1993. Com o parlamentarismo eles conseguem manter o tresloucado Bolsonaro como presidente, com limitados poder inerente ao cargo, e a Câmara elegerá um primeiro ministro que poderá, para agrado dos militares quatro estrelas, ser o general Mourão ou outro cidadão da cúpula entreguista e submissa dessa tropa. Ainda, com relação a esse sistema, outra ideia ganha corpo no congresso: o parlamentarismo tupiniquim. Esse sistema propõe manter o caudilho Bolsonaro no cargo, preservando, em tese, a vontade popular, e sem a figura do primeiro-ministro, o congresso nacional passa a ser o protagonista político, pois, seria dele a atribuição de propor e deliberar todas as políticas públicas do país. Mais um “samba do crioulo doido”!

O momento é tão crítico que até o insuspeito jornal Estadão, veículo que apoiou os golpes militar e contra a presidenta Dilma e foi, ainda, um importante aliado na campanda eleitoral de Bolsonaro, reconheceu a incapacidade de Bolsonaro em seu editorial do dia 26/03/2019. Diz o Editor:"A deliberada desorganização política do governo, causada por um presidente cada vez mais desinteressado de suas tarefas políticas e institucionais, tem o potencial de agravar a crise, levando-a a patamares muito perigosos – e talvez seja isso mesmo o que muita gente quer.. Ocupado com questiúnculas que fazem a alegria de sua militância, o sr. Jair Bolsonaro parece ter abdicado de governar para todos. Os problemas avolumam-se de forma preocupante e o presidente mostra-se alheio a eles, movendo-se ao sabor das redes sociais como se disso derivasse sua força e não sua fraqueza, como de fato acontece1

Diante desse quadro e considerando todos esses e outros fatos, está cada vez mais claro que a classe política, em especial, a caserna, estão perdendo a paciência e não estão dispostos a caírem no buraco junto com o presidente Bolsonaro, tanto, que há fortes rumores nos bastidores de que o tempo de Bolsonaro está devidamente contado, com ou sem Reforma da Previdência, só resta acertar como se dará o seu fim, com impeachment e a instalação de uma ditadura militar ou com um parlamentarismo!




1-Fonte:https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,procura-se-um-presidente,70002767978

terça-feira, 12 de março de 2019

A “REPÚBLICA DE CURITIBA” DECLARA A SUA INDEPENDÊNCIA

Por: Odilon de Mattos Filho
Se havia uma unanimidade sobre a Constituição Federal de 1988 era com relação à ampliação das prerrogativas e atribuições do Ministério Público. Esses alargamentos vieram ao encontro dos anseios da sociedade e foram consubstanciados no artigo 127 da CF/88 que estabelece: “o MP é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis” . 

Mas com o passar do tempo, parece que alguns membros do MP, em especial do MPF, foram picados pela “mosca azul”, a mesma da antiga lenda oriental, na qual um servo foi picado pelo inseto e, a partir daí, começou a se olhar como o próprio sultão. Embevecido, ele se despersonaliza e se acha muito mais importante do que é”. Pois, bem, é exatamente, isso que acontece com os procuradores da “República de Curitiba”, foram envenenados e transformados em funcionários arrogantes, soberbos e deslumbrados com tamanho poder, achando-se acima de suas próprias atribuições e prerrogativas. O caso mais emblemático envolve o procurador Deltan Dallagnol, comandante da Força-tarefa, que até então era um mero e desconhecido procurador lotado na Procuradoria da República da “província” de Curitiba. 

Essa postura prepotente foi vista, por exemplo, com o famoso PowerPoint apresentado pelo procurador Dallagnol quando da denúncia contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em rede nacional. Nessa apresentação, digna de um grande gerente de marketing, o procurador, para êxtase dos jornalistas da grande imprensa familiar e da elite cheirosa do país, aponta o presidente Lula como o grande general que comandou a corrupção na Petrobras. Porém, assim como um produto de pouca qualidade que não resiste nem mesmo a força de uma boa propaganda, a colossal e retumbante apresentação do procurador provinciano, no final, foi patética. Perguntado por um jornalista sobre documentos e testemunhas que comprovariam tais denúncias contra o presidente Lula, o procurador constrangido e laconicamente, respondeu: “Não temos como provar. Mas temos convicção!1” Aliás, essa, como sabemos, foi à tônica de todo o processo que condenou o presidente Lula e que deixou explícita a politização da operação Lava-jato.. 

Diante da omissão e conivência dos órgãos superiores do sistema judiciário brasileiro frente à tamanha inconsistência acusatória, a inépcia da denúncia e a sua flagrante ilegalidade por ter sido feita publicamente e em rede nacional, o MPF se sentiu imune e certo de que qualquer ação, mesmo que deletéria aos interesses do país e eivada de ilegalidade, contará com o apoio de órgãos superiores, ou no mínimo, não será impedido de realizá-la. E foi neste contexto, segundo noticiado pela imprensa, que a Força-tarefa celebrou, no dia 23 de janeiro, um acordo bilionário com a Petrobras, sob a supervisão de autoridades dos EUA. 

Segundo o insuspeito jornalista Reinaldo Azevedo “por Iniciativa do Ministério Público Federal e da Petrobras, as Autoridades Norte-Americanas consentiram com que até 80% do valor previsto nos acordos com as autoridades dos EUA sejam satisfeitos com base no que for pago no Brasil pela Petrobras, conforme acordado com o MPF...A Petrobras teria de pagar multa de US$ 853,2 milhões aos americanos. Do total, US$ 682,56 milhões ficarão no Brasil. (…) Do total já depositado numa conta vinculada à 13ª Vara Federal de Curitiba (R$ 2,5 bilhões), metade fica reservada para "a satisfação de eventuais condenações ou acordos" em "ação de reparação" (Item 2.3.2 da Cláusula Segunda). Parece justo. E a outra metade? Aí vem o pulo dos gatos… Uma bolada de R$ 1,25 bilhão, segundo o item 2.4, "deverá constituir um 'endowment' (um fundo patrimonial)". E sua administração "será feita por entidade a ser constituída (…) na forma de uma fundação de direito privado mantenedora" (Item 2.4.1). O dinheiro, que deveria ser recolhido ao Tesouro, vai engordar uma fundação de direito privado que estará sob o comando do MPF. Mas não de qualquer um. O Item 2.4.4 especifica: "O MPF no Paraná e o MP do Paraná terão a prerrogativa (…) de ocupar um assento no órgão de deliberação superior da fundação mantenedora (…)".e a sede tem de ficar em Curitiba (item 2.4.2)2”. 

Evidente que a Força-tarefa não tem competência para celebrar acordo internacional sem a participação do Ministério da Justiça e do Parlamento brasileiro, ademais, esse acordo é imoral e flagrantemente ilegal e inconstitucional, pois, o MPF não tem competência, também, para criar e/ou administrar uma fundação de direito privado mantida com multas oriundas de uma empresa pública, ou seja, na verdade esse acordo não passa de lavagem de dinheiro da corrupção contra a Petrobras para fazer um fundo bilionário para essa tal Fundação criada pelo MPF. Veja a que ponto chegou a Força-tarefa! 

Sobre esse acordo o ex-senador Roberto Requião (MDB-PR), denunciou: "...todas as informações confidenciais da Petrobras serão entregues ao governo norte-americano. É um escárnio, ou Deltan Dallagnol é paranoico, no combate à corrupção, ou é um agente da CIA..."A força-tarefa da Lava Jato não tem competência para gerir orçamento público e o que está sendo criado é um estado paralelo3". 

O jornalista Reinaldo de Azevedo assim se manifestou: “A penca de violações da Lava Jato ao Estado de Direito, sob o pretexto de combater a corrupção, é um assombro. Quem ousa apontar o abuso é tratado como leniente com os malfeitos. Isso confere a seus agentes poderes absolutos. E Deltan resolveu ousar: "Por que não fazer um entendimento com autoridades dos EUA que seja imune ao crivo da Justiça brasileira"? E assim ele fez. E conseguirá ter sob o seu comando, se o STF permitir que prospere a pouca vergonha, uma das fundações mais ricas do país. Com dinheiro da Petrobras. A empresa que eles prometeram resgatar das mãos de larápios4”. 

Já o teólogo Leonardo Boff afirmou em seu Twitter: "estimo que o grupo da Lava-Jato tem tanta arrogância, que deu um tiro no pé. Está se auto-denunciando como ganhador de propina bilionária por entregar o pré-sal e a tecnologia própria nossa aos USA. Isso é alta traição da pátria e apropriação privada daquilo que pertence a todos5". 

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) pontificou: “Precisamos dar um basta à ação ilegal da Lava Jato. Dallagnol conseguiu até agora constranger as instituições brasileiras e atuar na ilegalidade, tudo isso enfraquecendo a Petrobras e destruindo empresas de infra-estrutura pesada. Agora, querem ficar com R$ 1,25 bilhão, do povo brasileiro, destinando-os à sua fundação? Vamos impedir esse desvio de recursos públicos!6". 

Por sua vez, Marcelo Mascarenhas, procurador integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, enfatizou: “De repente, o Ministério Público Federal de Curitiba - não foi nem a instituição MPF, foi a operação Lava Jato - por decisão própria, sem legislação autorizando, sem portaria interna delegando a eles esse poder, firmou um acordo internacional constituindo um fundo totalmente fora dos instrumentos de controle democrático7” 

E por fim, o judicioso ministro do STF, Marco Aurélio de Mello sentenciou: “A mesclagem do público com o privado não interessa ao Estado, não interessa à sociedade. É pernicioso fazendo surgir ‘super órgãos’, inviabilizando o controle fiscal financeiro. É a perda de parâmetros, é o descontrole, é a bagunça administrativa. É a Babel!8”. 

Realmente, depois dessa audácia do MPF de Curitiba e da Força-tarefa de celebrar acordo com o governo estadunidense sem a interferência do governo brasileiro, podemos afirmar que a “República de Curitiba” não é apenas uma metáfora criada por blogueiros sujos, trata-se sim, de uma tentativa de se apropriar do Estado brasileiro. É a República de Curitiba querendo a sua independência! Até onde estes “meninos” engomados do MPF de Curitiba querem chegar? Cadê o CNMP, o TCU e o STF para defender o Estado brasileiro contra essas barbáries da  Força-tarefa da Operação Lava-jato?












1Fonte:https://www.diariodocentrodomundo.com.br/nao-temos-provas-mas-conviccao-o-powerpoint-de-dallagnol-nos-jogou-de-vez-no-paraguai-por-kiko-nogueira/ 
2Fonte:https://reinaldoazevedo.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/entenda-lava-jato-quer-fundacao-privada-bilionaria-com-grana-da-petrobras/
3Fonte: https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/386391/TCU-pode-bloquear-bens-de-dirigentes-da-Petrobr%C3%A1s-por-funda%C3%A7%C3%A3o-da-Lava-Jato.htm
4Fonte:https://reinaldoazevedo.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/entenda-lava-jato-quer-fundacao-privada-bilionaria-com-grana-da-petrobras/
5Fonte:https://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/386378/Boff-Lava-Jato-comete-crime-de-alta-trai%C3%A7%C3%A3o.htm
6Fonte:https://www.brasil247.com/pt/247/poder/386348/PT-vai-a-4-%C3%B3rg%C3%A3os-contra-a-funda%C3%A7%C3%A3o-Lava-Jato.htm
8 Fonte https://www.revistaforum.com.br/marco-aurelio-do-stf-critica-fundacao-de-r-25-bi-da-lava-jato-e-a-babel/


sexta-feira, 8 de março de 2019

QUE DEUS NOS PROTEJA!


Por: Odilon de MattosFilho
É de conhecimento, até do mundo mineral, como diria Mino Carta que o carnaval é a mais importante expressão cultural e a festa mais popular do Brasil pela alegria, espontaneidade, diversão e por proporcionar, de maneira natural, um congraçamento entre as raças, seitas, etnias e gêneros.

O carnaval de 2019, como sempre, foi marcado pela alegria dos foliões Brasil afora e como acontece todo ano serviu, também, como pretexto para o brasileiro protestar, homenagear e prestar solidariedade. Foi o caso, por exemplo, de protestar contra o presidente Bolsonaro, render homenagens a saudosa ativista e vereadora Mariele e de prestar solidariedade ao presidente Lula com a hashtag #LulaLivre. É o exercício da liberdade de expressão na sua mais pura essência.

No entanto, nem tudo foi alegria neste carnaval, especialmente, pelas bandas da política já marcada pelo esfacelamento  das instituições, pelos sentimentos de intransigência, ódio e intolerância e com a sistemática ameaça e desrespeito ao Estado Democrático de Direito.

Dentro deste contexto e como já esperado, o primeiro a exercer esses sentimentos e se debelar contra essa festa popular foi, exatamente, o presidente Jair Bolsonaro que como de costume não aceitou as críticas e os protestos contra a sua pessoa e patrocinou uma das cenas mais patetipa e dantesca que o país já viu e que certamente entrará para os anais da história como a maior baixaria que um presidente da república já praticou. Um claro desrespeito à liturgia e ao decoro do cargo que ocupa.

O presidente Bolsonaro, utilizando o seu twitter e agindo como se estivesse em campanha eleitoral, pinçou um vídeo escatológico no qual um gay introduz o seu próprio dedo no ânus enquanto outro homem urinava sobre a sua cabeça. Com esse vídeo Bolsonaro tentou associar essas imagens como se fossem uma prática corriqueira do carnaval de rua no Brasil. Junto com o vídeo o caudilho autoritário acrescentou: “Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isso que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem as suas conclusões1”.

Ciente de que muitos cidadãos e aqui me incluo, entender que tais cenas ou performances foram descabidas e desnecessárias, não havia dúvida de que a repercussão seria enorme, talvez nem tanto pelas imagens, mas sim, por quem as postaram, tanto, que mais de setenta por cento dos comentários foram contra o presidente ter postado o vídeo em sua conta do twitter, pois, além de depor contra o carnaval do Brasil que é uma das atrações que mais dividendos financeiros trazem ao país, está longe, mas, muito longe de ser um assunto a ser tratado por um presidente da república. E o caso não ficou apenas no ambiente interno, a postagem ganhou manchete mundo afora. O jornal “New York Times” publicou: “O artigo que você está prestes a ler pertence a um vídeo com conteúdo sexual, publicado pelo presidente da quarta maior democracia do mundo”. Já o jornal “The Guardian” para a América Latina, disse que “alguém precisava tirar o celular do presidente2”.

Neste lamentável e degradante episódio, Bolsonaro lembrou Jânio Quadros que à época tentou regular o comportamento dos cidadãos durante o Carnaval sob o slogan: “Janio é a certeza de um Brasil moralizado”. Oito meses depois Jânio renunciou. Será que a história se repetirá?  Tomara!

Depois deste e de outros fatos patrocinados pela figura caricata do presidente Bolsonaro, no quais ficam patentes o seu despreparo intelectual e emocional, não tardou muito para que ele voltasse à cena política com a sua metralhadora municiada de bobagens e bravatas. Em cerimônia no Corpo de Fuzileiros Navais no Rio de Janeiro no dia 07/02/2019, dois dias depois do seu twitter escatológico, o presidente Bolsonaro estuprou a Constituição com um curto e autoritário discurso – como de costume - e disparou: “a democracia e a liberdade só existem quando as Forças Armadas assim o querem".

Esse discurso foi suficiente para que ministros do STF e até veículos de comunicação que patrocinaram a ditadura militar, se rebelassem contra essa frase que permeia o obscurantismo. Foi o caso, por exemplo, do Editorial do jornal conservador “Estadão”. Eis um trecho do Editorial: ”...a julgar pelo comportamento muitas vezes grosseiro e indecoroso de Bolsonaro, o presidente provavelmente se considera acima do cargo que ocupa, dispensado dos rituais e protocolos próprios de tão alta função...Sobre o discurso durante cerimônia no Corpo de Fuzileiros Navais o Editorial acrescenta: Será necessário um grande malabarismo retórico para não considerar esse discurso como explícita manifestação de um pensamento irremediavelmente autoritário, de quem acredita que a democracia é apenas um favor dos militares aos civis. Para o presidente da República – é o que se conclui –, a democracia e a liberdade seriam meramente circunstanciais, pois dependeriam não da força e da solidez das instituições democráticas e da honestidade de convicção dos homens que ele próprio chefia, e sim dos humores dos quartéis...Vai mal um país cujo presidente claramente não entende qual é seu papel, especialmente quando não consegue dominar os pensamentos que, talvez, lhe venham à mente..3”.

Já o Ministro do STF Marco Aurélio assim reagiu a essa manifestação autoritária: “...A democracia é garantida pelo povo, pelo funcionamento a contento das instituições. Isso é o que garante a democracia, Forças Armadas existem para uma possibilidade extravagante numa situação de agressão externa, como recurso derradeiro. Se nós dependermos para termos dias democráticos da atuação das Forças Armadas, nós estaremos muito mal. O respaldo maior está nas Forças Armadas para uma eventualidade4

Diante de tudo isso é assombroso, lamentável, revoltante e embaraçoso assistir que um governo com apenas sessenta e seis dias consiga denegrir com tamanha velocidade e intensidade a imagem do Brasil perante o seu povo e a comunidade internacional. Não menos constrangedor é saber que o Brasil está sendo comandado por um presidente autoritário, preconceituoso, misógino e completamente despreparado intelectual, moral, ética e psicologicamente. Que Deus nos proteja!   







sexta-feira, 1 de março de 2019

SÉRGIO MORO A CARICATURA DE UM GOVERNO CARICATO


Por: Odilon de Mattos Filho
É de conhecimento, até do mundo mineral, como diria o grande jornalista Mino Carta, que o ex-juiz federal Sérgio Moro foi, nos últimos quatro anos, o personagem mais badalado, admirado, poderoso, impiedoso e temido da vida política da república tupiniquim. 



O ex-juiz Sérgio Moro contando com os irrestritos apoios da mídia comercial, dos tribunais superiores e de forças externas, não mediu esforços para alcançar seus objetivos pessoais de tentar criminalizar o PT e destruir a vida política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para tanto, foi capaz de atrocidades e manobras jurídicas jamais imaginadas no mundo acadêmico e na praxe do Sistema Judiciário Brasileiro. 

A relação e a conduta profissional de Sérgio Moro durante as investigações da Operação Lava-jato sempre teve contornos políticos/ideológicos e de defesa dos interesses de uma pequena elite conservadora do país e do capital internacional, especialmente dos EUA. 

Não vamos aqui relembrar todas as suas manobras, gincanas jurídicas e todo o seu esforço para tirar o presidente Lula da disputa das eleições de 2018. Este é mais um vergonhoso e abominável capítulo do sistema judiciário brasileiro que, certamente, já entrou para o anais da história do país. 

E a grande evidência dessa afirmativa, foi à nomeação ou prêmio recebido das mãos do presidente Bolsonaro que lhe entregou o ministério da justiça, aliás, esse cargo de ministro é apenas uma parte desse prêmio, pois, a grande recompensa pode ser a sua indicação para ministro do STF ou até mesmo ser o sucessor de Bolsonaro em 2022. Porém, dependendo do humor do capitão e de seus filhinhos co-presidentes, pode também, que Sérgio Moro seja, simplesmente, enxotado do ministério e desaparecer como fumaça da cena política do país. 

Empossado como ministro da justiça, não demorou muito e o poderoso Sérgio Moro metamorfoseou-se e assim como outros personagens de “importância” secundária e passageira da república, quase caiu no total esquecimento, só não aconteceu devida as suas desastrosas manifestações que o coloram na mídia, não mais como um juiz poderoso e temido, mas, tão somente como um homem/político apequenado, pusilânime e sem brilho próprio. 

Em uma de suas primeiras entrevistas Sérgio Moro deixou às vistas sua frouxidão. Essa característica veio à tona quando perguntado sobre o caixa dois utilizado nas eleições pelo ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni. Pouco tempo antes de assumir o ministério o carrasco e juiz Sérgio Moro assim se manifestou sobre o caixa2: “Muitas vezes o caixa dosi é visto como um ilícito menor, mas, é trapaça numa eleição”. Continuando ele acrescentou: “...Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. Para mim a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito...1”. 

Já no caso do seu colega de ministério, Onyx Lorenzoni, o ministro Sérgio Moro em sua primeira metamorfose, relevou esse crime e disse: “Ele [Lorenzoni] mesmo admitiu os seus erros, pediu desculpas e tomou as providências para repará-los2”. 

Depois desse episódio, volta à cena o destemido Sérgio Moro, desta feita apresentando um projeto de lei, que mesmo rechaçado pela maioria dos juristas pátrios, promete ser a panaceia para os males da corrupção e do crime organizado, inclusive, neste projeto criminalizava-se o caixa dois. No entanto, poucos dias após a apresentação do projeto, Sérgio Moro foi enquadrado pelos Bolsonaristas de plantão e voltou a ser o frouxo que se revelou no ministério. Imediatamente retirou o caixa dois do projeto afirmando que "...houve reclamações por parte de agentes políticos de que o caixa 2 é um crime grave, mas não tem a mesma gravidade de corrupção, crime organizado e crimes violentos. Então, nós acabamos optando por colocar a criminalização num projeto à parte mas que está sendo encaminhado..3” 

Depois desses vieram outros fatos que marcam essa nova personalidade de Sérgio Moro, como, por exemplo, o silêncio obsequioso sobre o caso de corrupção envolvendo os filhos de Bolsonaro e o assessor/motorista/laranja Fabrício Queiros. 

E por último, mais um fato que demonstra que Sérgio Moro de valente Pitbull agora não passa de um dócil print já devidamente adestrado pelo Palácio do Planalto e seus comparsas. 

O ex-intrépido justiceiro Sérgio Moro nomeou para assumir a suplência no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária a Cientista Política lona Szabó de Carvalho. Não tardou muito e a indústria das armas e a bancada da bala pressionaram o capitão presidente para que Iona fosse exonerada e imediatamente Bolsonaro deu a ordem ao ministro para que cumprisse o solicitado, pois, a professora não é bem quista no meio "balístico" pelas suas posições contrárias a certas pautas de Bolsonaro, especialmente, com relação à posse de armas. 

Esse caso foi tão espantoso, não pela atitude de Bolsonaro, mas sim pela falta de reação de Sérgio Mor que até a mídia que sempre lhe foi condescendente reagiu duramente contra o ministro. O insuspeito “colonista” Josias de Souza, por exemplo, escreveu: Em dezembro, dias antes de se alistar na tropa ministerial de Jair Bolsonaro, Sergio Moro declarou: "Eu não assumiria um papel de ministro da Justiça com o risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico." Jactava-se de ter recebido do presidente uma "carta branca". De duas, uma: ou Moro é daltônico ou fez uma opção preferencial pela antoenganação. A carta que recebeu do capitão nada tem de branca...Mantido o ritmo atual de encolhimento, o ex-juiz da Lava Jato logo estará dormindo numa caixa de fósforos, atormentado pela doença que transforma os Bolsonaro em gigantes. O barulhinho que se ouve ao fundo é o ruído da plateia perguntando aos seus botões: "Afinal, a que temperatura ferve a biografia de Sergio Moro?4” .

Este fato se não inusitado, nos afigura também, extremamente, constrangedor para o ministro Sérgio Moro, demonstrando, claramente, que ele não goza mais do prestígio de outrora e hoje, depois de ter cumprido o seu papel de carrasco e justiceiro  perdeu completamente a serventia, e agora não passa de um mero político e de mais uma caricatura de um governo caricato, estonteado e sem nenhum comando. Viva o Brasil..! 



































































1Fonte:https://oglobo.globo.com/brasil/nos-eua-moro-diz-que-caixa-2-pior-do-que-corrupcao-21183122
3 Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/caixa-2-nao-e-corrupcao-diz-moro-sobre-fatiamento-de-projeto-anticrime,45677b1a78065dd4892e68e20feabf46ipyusac6.html 
4 Fonte: https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/