“O
julgamento do mensalão pelo STF é desnecessário. Entre a insinuação mal
disfarçada e a condenação explícita, a masa de reportagens e comentários
lançados agora, sobre o mensalão, contém uma evidência condenatória que
equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus
saberes” Janio de Freitas
É de
conhecimento público que no dia 03 de agosto o Supremo Tribunal Federal (STF)
iniciou o julgamento da Ação Penal nº 470, conhecido como Mensalão. Mas
na prática, esse julgamento iniciou há muito tempo, e o seu veredicto já foi pronunciado pela egrégia “Corte” da “Mídia Nativa”:
todos os 38 réus são culpados, e o ex-Presidente Lula e a Presidenta Dilma
deverão ser punidos também, só que pelo povo brasileiro.
Não
estabelecemos esse paralelo entre o julgamento do STF e da grande mídia apenas
como artifício alegórico, ao contrário, essa comparação é para demonstrar que
“nunca antes na história deste país” foi visto tamanho massacre contra réus
ainda não julgados, e o descarado partidarismo da grande mídia brasileira, que
vê nesse julgamento o seu o último suspiro para a sua sobrevivência.
Nessa
desesperada e insana tentativa de derrubar ou ao menos desestabilizar os
Governos Trabalhistas (Lula/Dilma), a mídia vem agindo de várias formas,
inclusive, praticando um jornalismo esgoto. A atual cartada midiática é o julgamento
do “mensalão”. Aqui, se valendo da
conhecida tática nazista de que uma mentira contada muitas vezes acaba sendo aceita como
verdade, a imprensa insiste em suas manchetes que o mensalão é o maior caso de corrupção da história
do Brasil, esquecendo de forma vergonhosa, da compra de votos para reeleição de
FHC, escondendo o bombástico conteúdo do livro mais vendido do Brasil que é o
“Privataria Tucana”, ocultando do público o grave envolvimento da revista
“Veja” e de outros veículos de comunicação com o contraventor Carlinhos
Cachoeira, e por fim, sonegando do povo as informações do escândalo da “Lista
de Furnas” que envolve os principais caciques dos partidos de oposição, para
ficar nesses poucos exemplos.
Em
relação ao mensalão, e só para ilustrar do que é capaz a mídia hegemônica,
citamos o exemplo do “Presidente” dessa “Corte Midiática”, a TV Globo. O Jornal
Nacional preparou uma série de matérias
sobre o Mensalão. Numa primeira edição, o telejornal relembrou o caso ao longo de 11
minutos e 30 segundos; no dia seguinte foram mais 7
minutos e 41 segundos. Desses quase vinte minutos de
acusações, o telejornal contrapôs “extraordinários” 8 segundos à
defesa de um dos réus, José Dirceu, exibindo apenas uma
frase de seu advogado. Aqui está um exemplo claro de “Tribunal de
Exceção” com sua principal arma: negar ao acusado o exercício da ampla defesa e
o contraditório.
Está claro que esse comportamento da grande mídia tem um único
objetivo: enfraquecer o PT e os seus principais líderes, visando às próximas
eleições. Para tanto, a imprensa, nessa sua derradeira cartada, tenta
pressionar o STF para fazer um julgamento político e não técnico do mensalão, e a razão
é óbvia: a imprensa sabe que não há provas nos autos de que houve compra de
Deputados para aprovar Projetos de interesse do Governo, o chamado “mensalão”.
Ao contrário, o que há são fortes indícios da existência de “caixa dois” para o
pagamento de despesas eleitorais dos Partidos aliados ao governo do
ex-Presidente Lula. Por isso, a mídia imaginando ser a caixa de ressonância do
povo brasileiro, vem fazendo esse grande esforço de colocar os Ministros do STF
contra a opinião pública, deixando de fora das discussões o principal
instrumento da corrupção que é o financiamento das campanhas eleitorais, que
sabidamente, torna o processo eleitoral ilegítimo e viciado.
Aliás,
nesse mesmo sentido, o grande jornalista Mauro Santayana escreveu: “...O sistema eleitoral nas democracias modernas – e não só no Brasil, mas
no mundo inteiro – é deformado pela influência notória do poder econômico. Há
um mercado do voto, como há um mercado da fé, e um mercado da informação....Esse é um dos paradoxos da democracia moderna: sem dinheiro, não há o
exercício do voto; com ele, e no volume exigido, a legitimidade do sufrágio é
posta em dúvida. Esse é um dos argumentos de filosofia política contra o
sistema capitalista, em que o poder do Estado é visto como um bem de mercado,
que pode ser ocupado pelos que pagam mais”.