terça-feira, 27 de dezembro de 2022

TERRORISMO NO BRASIL: MAIS UM "LEGADO" DO BOLSONARISMO


Por: Odilon de Mattos Filho
O conceito de ataque terrorista, segundo alguns historiadores tem origem “no século I d.C., quando um grupo de judeus radicais, chamados de sicários (Homens de punhal), atacava cidadãos judeus e não judeus que eram considerados a favor do domínio romano. Outros indícios que confirmam as origens remotas do terrorismo são os registros da existência de uma seita mulçumana, no final do século XI d. C. que se dedicou a exterminar seus inimigos no Oriente Médio. Dessa seita teria surgido a origem da palavra assassino1

Atualmente e hipocritamente esse conceito de ato terrorista está muito ligado a algumas religiões islâmicas, não obstante observamos que os EUA, ditos paladinos da democracia, já ter realizados inúmeros ataques contra vários povos do mundo que podemos classificá-los  de ato terrorista, só não o é devido a imprensa sabuja, capitalista e subserviente ao império estadunidense que tenta vender outra imagem do país.

Uma das poucas Nações não consideradas alvos de atentados terroristas dos principais grupos do mundo é o Brasil e isso em virtude, até então, de suas características políticas, religiosas e sociais. No campo político tínhamos no Século passado, a forte presença da direita conservadora representada pelo integralismo e depois pelo udeno-lacerdismo, movimentos políticos que lutavam  no campo das ideias. Já neste século essa característica política modificou-se e a partir do ano de 2016, surge com bastante vigor a extrema-direita que colocou o Brasil no centro  do terrorismo doméstico.

É sabido que a eleição de Bolsonaro em 2018 foi o estopim para que o caldo social do país se transformasse, ou para alguns, se revelasse mostrando o seu lado sombrio que até então, era uma particularidade do período de exceção mas que, lamentavelmente, contaminou boa parte dos civis e fez com que aflorasse no Brasil a cultura do ódio, da violência, do preconceito, da misoginia e da ideologia extremista da direita, inclusive, com a defesa de torturadores e é claro o discurso pela volta da ditadura militar.

Empossado o presidente Bolsonaro em 2019, esses discursos começaram a se recrudescer e teve no presidente da república o seu principal mentor e incentivador dessas posturas antidemocráticas.

Passados os quatro anos deste desgoverno veio a eleição de 2022 e a disputa voto a voto entre Bolsonaro e Lula. Em artigo anterior onde discutimos essa eleição demonstramos a seguinte inquietação: como um presidente da república, que levou o país à total degradação das relações sociais, políticas, econômicas e com permanentes ataques ao Estado Democrático de Direito e que no campo pessoal, com um comportamento autoritário, misógino, homofóbico, racista, sexista e negacionista conseguiu 58 milhões votos?

Neste contexto e mesmo sabendo que o bolsonarismo é pobre e primário como ideário político e como fenômeno de massa, fica, também, a inquietação para saber se este período de fascistização do movimento de extrema-direita do Brasil, terá eco no futuro ou se isso não passou de um efêmero modismo que brevemente será rechaçado pelo povo brasileiro e pelo próprio processo de democratização do país. Por enquanto a reposta é não, pois, estamos observando uma certa resiliência desse movimento e tudo indica que a situação política está se agravando, especialmente, por meio de grupos denominados “bolsonarista raiz”, um fração organizada dentro do movimento bolsonarista que é financiada por empresários fascistas que estimulam e patrocinam manifestações fora dos padrões democráticos, ou seja, o país começa sofrer atos de terrorismo doméstico  praticado por esses grupos com o claro propósito de desestabilização política e social, objetivando criar um álibi para que as Forças Armadas tentem uma ruptura institucional com base no artigo 142 da CF/88, aliás, dispositivo interpretado de maneira delirante pela extrema-direita tupiniquim!

A preparação de um atentado a bomba nas imediações do Aeroporto Internacional de Brasília com o propósito de impedir a posse do presidente Lula no dia 1 de janeiro é um claro sinal de que a situação é gravíssima. O empresário do ramo de combustível que planejou tudo, se chama George Washington de Oliveira Sousa, ele foi preso e confessou o crime, ou melhor, o atentado terrorista que pretendia realizar. Disse o terrorista em seu depoimento: “Eu resolvi elaborar um plano com os manifestantes do QG do Exército para provocar a intervenção das Forças Armadas e a decretação de estado de sítio para impedir instauração do comunismo Brasil. No dia vários manifestantes do acampamento conversaram comigo e sugeriram que explodíssemos uma bomba no estacionamento do Aeroporto de Brasília durante a madrugada e, em seguida, fizéssemos denúncia anônima sobre a presença de outras duas bombas no interior da área de embarque”.

Nesta mesma linha, ha fortes indícios de que a preparação deste ato terrorista em Brasília é parte de um plano mais audacioso da extrema direita terrorista, ou seja, o  objetivo é detonar atos violentos em várias partes do país. A propósito, segundo o experiente jornalista Vicente Nunes, “trocas de mensagens cifradas na dark web e no Telegram apontam para movimentos anormais no país com o intuito de tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro de 2023. Os diálogos vêm com alertas para todos se prepararem para meses de forte confusão, sobretudo em estados como São Paulo e Rio de Janeiro2",

Outro fato que chama atenção, inclusive, gerou alerta internacional é o silêncio de Bolsonaro e de seus aliados frente a essa onda de terrorismo. Um silêncio preocupante que remete as táticas do fascismo. Aliás, nesse sentido o professor Michel Gherman, do departamento de sociologia da UFRJ e coordenador do Núcleo de Estudos Judaicos, mostrando a sua preocupação com o atual momento disse que “essa é a ponta de um iceberg do qual não temos uma noção completa de sua dimensão. A lógica do silêncio é típica da extrema direita. Uma lógica de que não controlo, de que não oriento e apenas mostro a direção a partir de códigos.3.”

Um dado também inquietante de toda essa trama, é o fato desses terroristas tupiniquins estarem acampados em áreas consideradas do Exército e, portanto, área de segurança nacional onde não é permitido esse tipo de manifestação. Essa leniência é no mínimo comprometedora, pois, como o serviço de inteligência do Exército não soube dessa tentativa de ato terrorista, sendo que o mesmo foi planejado, conforme disse o próprio terrorista George Washington, na porta do QG do Exército de Brasília? Isso é no mínimo estranho para não dizer conivência!

Outro fato que devemos destacar e que mostra a gravidade do momento, pois trata-se de uma área sensível que é a militar, é a notícia de que o atual comandante da Marinha, Almirante,  Almir Garnier Santos não vai fazer a transmissão do cargo antes da posse do presidente Lula, o fará depois da posse, e segundo noticiado não prestará continência ao presidente Lula, ou melhor, ao comandante-em-chefe, ou seja, estará cometendo um ato de insubordinação hierárquica e se isso se confirmar, esperamos que o comandante-em-chefe, Luis Inácio Lula da Silva tome as devidas medidas para punir, nos termos da lei, o milico insubordinado, até como exemplo para a tropa.  

Por fim, temos o mesmo entendimento de que o momento é muito grave e de total alerta, porém, somos de opinião que não se pode recuar na realização de uma posse popular do presidente Lula, isso seria um suicídio político e demostraria fraqueza e covardia do futuro governo o que daria mais fôlego a estes terroristas. Aliás, nesse sentido o sempre respeitado José Genoíno com a costumeira precisão alertou: “Na posse de Lula nós temos de ocupar Brasília, tem que ser uma posse massiva e popular para mostrar a resposta que se dá ao próprio fascismo. Toda vez que a esquerda recua vai para o apaziguamento e diminui a intensidade das manifestações para enfrentar a violência e as armas, eles (os golpistas) se tornam poderosos e conseguem o objetivo que é ameaçar. Eles falam que vai ter golpe a gente vai recuando, não é o caminho mais adequado4”. Faço minhas as palavras do companheiro José Genoíno..!





















































 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





1 Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historia/terrorismo.htm
2-Fonte:https://blogs.correiobraziliense.com.br/vicente/terroristas-apoiadores-de-bolsonaro-planejam-acoes-em-varias-partes-do-brasil/
3Fonte:https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2022/12/27/silencio-de-bolsonaro-diante-de-ameacas-golpistas-gera-alerta-internacional.htm
4Fonte:https://www.brasil247.com/brasil/ocupacao-popular-em-brasilia-na-posse-de-lula-sera-a-melhor-resposta-ao-fascismo-afirma-jose-genoino

 

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