Por: Odilon de Mattos Filho Não é novidade para ninguém a implacável perseguição política realizada por boa parte da imprensa brasileira ao PT, ao presidente Lula e à presidenta Dilma Rousseff. A cobertura da operação Lava-jato e do golpe contra à presidenta Dilma e a eleição de Bolsonaro são fatos emblemáticos que corroboram tais afirmativas.
Aliás, esse caráter de classe da imprensa burguesa
já foi descrito pelo grande filósofo marxista, Antonio Gramsci, que disse “que o
jornal burguês é um instrumento de luta movido por ideias e interesses que
estão em contraste com os da classe operária. Tudo o que se publica é
constantemente influenciado por uma ideia: servir à classe dominante, o que se
traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora. E, de fato, da
primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela esta preocupação”.
Mas mesmo
depois do massacre midiático sofrido por Lula, o STF julgou que o ex-juiz Sérgio Moro agiu de
forma suspeita e parcial em todos os processos do ex-presidente, com isso, as ações foram anuladas e Lula recuperou os seus direitos políticos e reapareceu
no cenário político como uma Fénix.
Evidente que a classe dominante ficou atônita com todos esses acontecimentos, a começar, pelo ressurgimento do presidente Lula no cenário nacional e internacional e da força política do PT e segundo, com relação à queda sem volta e o limbo para onde foi o ex-mito das elites, Sérgio Moro, que sempre foi apontado como o principal nome da terceira via.
Mas mesmo diante de tudo isso, as elites que têm nos barões da mídia seus fiéis representantes não esmoreceram e partem para cima do PT e de Lula com suas conhecidas baixarias, velhas narrativas e até as condenáveis Fake News, um verdadeiro desserviço ao bom jornalismo. E dentro deste contexto e com Sérgio Moro sepultado politicamente, a mídia nativa, ainda tenta, a qualquer custo, emplacar uma nova terceira via e desta feita a bola da vez e a senadora Simone Tebet e para justificar esse apoio, a imprensa insiste na narrativa de que as eleições de 2022 estão polarizadas entre dois candidatos radicais e extremistas: Lula e Bolsonaro e portanto, justifica-se o fortalecimento de uma candidatura do centro para apaziguar o país. Evidente que essa narrativa não passa de uma desprezível desonestidade intelectual, pois, Lula está longe, mas muito longe de ser um extremista de esquerda, ao contrário, pode ser classificado de no máximo, um político de centro-esquerda, o seu vice na chapa, Geraldo Alckmin e o arco de aliança política que está sendo formado confirma tal afirmativa.
Aliás, para restabelecer a verdade, perguntamos à imprensa tupiniquim se há nos seus arquivos qualquer manifestação do presidente Lula incitando a violência, o ódio, a ditadura, a tortura, ou a barbárie? E Bolsonaro? Este, ao contrário, coleciona um "arsenal" de falas estimulando o ódio e pregando a violência. Vamos refrescar as memórias dos mais desavisados e em especial dos barões da mídia com algumas dessas falas do presidente: "Povo armado jamais será escravizado"; “O erro da ditadura foi torturar e não matar” (2008 e 2016); “Ele merecia isso: pau-de-arara. Funciona. Eu sou favorável à tortura. Tu sabe disso. E o povo é favorável a isso também” (1999); “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vou botar esses picaretas para correr do Acre. Já que gosta tanto da Venezuela, essa turma tem que ir para lá” (2018); “[O policial] entra, resolve o problema e, se matar 10, 15 ou 20, com 10 ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado, e não processado” (2018); “Fui num quilombola [sic] em Eldorado Paulista. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Acho que nem para procriadores servem mais
1” (2017);
Diante destes poucos exemplos, fica claro que há uma grande assimetria entre Lula e Bolsonaro e portanto, este discurso dos meios de comunicação de que Lula é tão extremista quanto Bolsonaro não passa de um comportamento raso, mesquinho e irresponsável, o que mostra de forma cabal o caráter de classe da imprensa burguesa do Brasil.
A propósito, o mais recente e cruel ataque da mídia para tentar emplacar essa história do extremismo do PT está sendo a cobertura e a exploração deste bárbaro crime politico do qual o Guarda Municipal e Tesoureiro do PT de Foz de Iguaçu, Marcelo Arruda foi vítima.
Como já foi noticiado pela imprensa, Marcelo Arruda comemorava o seu aniversário de 50 anos numa casa de festa em Foz de Iguaçu e ao final do evento o Policial Penal Federal, José da Rocha Guaranho, um bolsonarista fanático, invadiu o evento e começou a insultar o aniversariante, inclusive, apontando uma arma para o mesmo, mas agindo rapidamente a sua esposa conseguiu acalmá-lo e José da Rocha se retirou da festa, mas antes, porém, deixou o recado de que voltaria para matar Marcelo Arruda e este antevendo o que poderia acontecer, buscou, rapidamente a sua arma e mesmo atingido pelos disparos de José da Rocha e agindo em legítima defesa conseguiu antes de morrer, alvejar o criminoso, mas, este, teve mais sorte e conseguiu sobreviver, já Marcelo Arruda pai de quatro filhos veio a óbito no local em que comemorava o seu aniversário junto com a família e amigos, cujo tema da festa foi o PT seu Partido e Lula seu candidato. Já Eduardo Bolsonaro comemorou seu aniversário com um bolo que trazia um revólver de glacê. Precisa desenhar ou dá para diferenciar os dois "polos" em disputa?
A maioria da imprensa valendo-se da tentativa de legítima defesa por parte de Marcelo Arruda, rapidamente tentou transformá-lo de vítima para criminoso e assim tentar pavimentar o ignóbil discurso do perigo do extremismo nas eleições. Uma canalhice, uma covardia e usando as palavras do jornalista Reinado Azevedo, “um abstracionismo moral, intelectual e politicamente covarde...Marcelo m
orreu porque era
petista. Não foi o extremismo abstrato que o matou. Foi um extremista concreto,
estimulado por outros extremistas concretos...2”.
E se tudo isso não bastasse, dois dias após o assassinato do Tesoureiro do PT e sem qualquer piedade, Bolsonaro escancarando o seu extremismo, declarou:: “Eu entendo que arma é liberdade, é segurança e é a garantia de uma nação também. O maior exército do mundo é o americano, são seus CACs [Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador]3"
E é por conta deste extremismo de direita que nos faz crer que há fortes sinais de que está sendo ardilosamente planejado por uma horda malígna instalada nos porões do Palácio do Planalto um autogolpe, que pode acontecer antes ou depois das eleições e este barbáro assassinato do Petista Marcelo Arruda pode ser um indício do modus operandi que está por vir, registrando, ainda, que a conduta vil e parcial da imprensa, como acontece neste caso do crime político, só alimenta e reforça esse diabólico plano de ruptura institucional.
Diante disso, fica claro que cabe a todos aqueles que defendem a democracia ficar atentos com o atual momento político. Quanto à imprensa, sabemos que ela tem um papel decisivo para ao bem ou para o mal da democracia. Somos partícipes da premissa de que a liberdade de imprensa é inegociável e deve ser totalmente respeitada e fortemente defendida, mas por outro lado, não se pode tolerar uma imprensa monopolizada, sabuja, partidarizada, ideologizada e sobre tudo irresponsável. A propósito, o grande líder, Malcolm X já alertou: “A imprensa é tão poderosa no seu papel de construção de imagem, que pode fazer um criminoso se passar por vítima e a vítima se passar por criminoso. Esta é a imprensa, uma imprensa irresponsável. Se você não for cuidadoso, os jornais vão acabar te fazendo odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e adorar as pessoas que estão levando a cabo a opressão”.
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