Alfred Nobel faleceu em 1895. Antes de morrer, deixou um testamento destinando 94% de sua fortuna à criação do Prêmio Nobel. A Fundação Nobel foi instituída em 1900, e a primeira edição da premiação ocorreu em 1901. O próprio Nobel determinou a formação de um Conselho responsável por selecionar os indicados e definir os laureados.
Desde a sua criação, o Prêmio Nobel raramente foi alvo de críticas contundentes ou de contestação quanto aos seus premiados. No entanto, cento e vinte e quatro anos após a primeira premiação, o Prêmio Nobel da Paz de 2025 provocou forte polêmica e grande decepção na comunidade acadêmica e política internacional.
O Comitê Norueguês do Nobel deliberou que o Nobel da Paz de 2025 fosse concedido à venezuelana María Corina Machado. Engenheira e ex-deputada, María Corina é uma ferrenha opositora do governo de Nicolás Maduro e uma das principais lideranças que defenderam abertamente um golpe de Estado em seu país. Essa “cidadã” integra o eixo internacional da extrema-direita, sendo conhecida apoiadora do genocida Benjamin Netanyahu e colaboradora do partido espanhol Vox, de orientação ultradireitista. Corina é uma reconhecida golpista e é parte de uma aliança global entre o fascismo, o sionismo e o neoliberalismo.
A escritora e analista Michelle Ellner, em artigo publicado no importante site CodePink, foi uma das vozes que criticaram duramente a concessão do Nobel da Paz de 2025.
Segundo ela: “A escolha de María Corina representa a perda total do significado da palavra paz, pois premiar uma figura que defende intervenções estrangeiras, sanções econômicas e políticas de exclusão social é um insulto aos povos que sofrem as consequências dessas decisões travestidas de diplomacia. Não há nada de pacífico em suas ideias ou ações
1”.
E continua Michelle Ellner: “Corina é o rosto sorridente da máquina de mudança de regime de Washington — uma política imperialista travestida de promoção da democracia. É a porta-voz polida das sanções, da privatização e da intervenção estrangeira, todas apresentadas sob o falso manto da liberdade.”
Não restam dúvidas de que essa premiação faz parte de uma estratégia dos Estados Unidos para gerar instabilidade política na Venezuela. Não á toa, que há relatos fidedignos de que María Corina foi indicada ao Nobel da Paz pelo então senador Marco Rubio, hoje Secretário de Estado e homem de total confiança de Donald Trump, o que reforça a tese de que essa premiação é mais um instrumento para se criar instabilidade, coação política e a ampliação do risco de uma intervenção militar dos imperialistas do norte na Venezuela.
Nessa mesma linha, o ex-presidente do PT, José Genoíno afirmou:,“...esse prêmio está vinculado à pretensão do imperialismo americano de recuperar sua influência na América Latina. Não há neutralidade nisso; tudo atende a um projeto político e geopolítico. Estamos vendo uma América Latina sendo colocada como território de disputa, onde os interesses das grandes potências se sobrepõem à autodeterminação dos povos2”.
Em carta enderaçada a Maria Corina
Por fim, vale citar as palavras do Nobel da Paz de 1980, o Argentino, Adolfo Pérez Esquiavel sobre o prêmio A Maria Corina: " Corina, pergunto-lhe: por que você pediu aos Estados Unidos que invadissem a Venezuela? Quando recebeu o anúncio de que havia recebido o Prêmio Nobel da Paz, você o dedicou a Trump, agressor de seu país. A pior forma de violência é a mentira3”.
Em carta enderaçada a Maria Corina Esquiavel escrveu: “Preocupa-me que você não tenha dedicado o Prêmio Nobel ao seu povo, mas sim ao agressor da Venezuela. Acho, Corina, que você precisa analisar e entender sua posição: se você é apenas mais uma engrenagem no sistema colonial dos Estados Unidos, nunca poderá ser para o bem do seu povo4”
E realmente assiste razão ao grande Esquiavel, pois, é sabido, até pelas declarações, que María Corina defende publicamente o envio de navios militares dos EUA em direção à Venezuela, além de apoiar a criminosa estratégia de afundar barcos que o governo estadunidense — sem qualquer prova — considera usados no tráfico de drogas.
Assim, ao conceder o Prêmio Nobel da Paz a Maria Corina é inevitável a pergunta: seria o Comitê e a Fundação Nobel mais um organismo internacional tutelado pelos interesses dos países imperialistas — em especial, dos Estados Unidos da América?
Não há explicação plausível para essa escolha!
Fonte: https://www.brasil247.com/entrevistas/o-nobel-da-paz-foi-dado-a-uma-defensora-de-golpe-de-estado-diz-genoino